domingo, 30 de agosto de 2009

Uma de tantas casas




A jovem chegava alegremente em sua casa, no portão caixas, móveis desmontados e diversos outros encostados na parede.

A Kombi estacionada de frente à casa do outro lado da rua.
Observando os dois lados da rua sem nada entender ou assimilar o que estaria acontecendo com sua residência.

Iriam mudar-se sem avisos. Quem teria tomado tal decisão? Algo tão sério. Uma notícia e atitude a ser discutida em família.
 A cada passo uma mensagem diferente vinda de moradores da vizinhança

 “Vamos sentir saudades” dizia a senhora da casa número cinco. “Os jogos da rua não serão mais os mesmos”, falou o jovem da casa de número oito.
Na casa ao lado morava uma colega muito próxima “daquelas que tudo fazem juntas”. Dizia essa muito magoada: Você é amiga mesmo! Vai mudar e nem avisou.

Várias palavras poderiam ser ditas para retribuir aquele carinho dos colegas e vizinhos, mas entrou sem nada dizer deixando calar por um sentimento de dor e angústia.

Olhou para sua mãe com olhos lacrimejando, sem nada pronunciar ouviu: carregue as coisas do corredor, não demore, ele quer viajar antes do anoitecer.

Tudo já estava encaixado dentro da Kombi, sobre os móveis e um colchão de casal, o cachorro já acomodado em um pequeno espaço que sobrara.
 As amigas se abraçaram mudas ao som de lágrimas.
Nos bancos da frente o casal. Atrás os filhos, deitados sobre o colchão. Enquanto a Kombi se movia para seu novo destino dentro do grande Estadão, as pessoas se despediam com olhares, sem nada saber.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Murici





17 quilômetros de estrada de barro.



A lembrança da estrada é sempre assimilada ao sabor do murici.



Quando chegava ao destino, logo na entrada um pé de murici, o condutor parava a Kombi e o passageiro corria para abrir a porteira, antes de fechá-la comia um murici para adoçar o fim de semana.



Lembranças e sabores estão sempre lado a lado.



Olhos fechados, mente centrada, lembranças do passado, como:

Sobremesas;

Férias;

Viagens;

Lugares;

Cada uma um sabor;

Essa em especial de murici.



De volta à estrada mais 17 quilômetros de volta para o Estadão.



A Kombi não passava dos 80 km/h, era o peso da carga.

Frutas para os amigos, família, vizinhos. Saudade do cheiro das frutas exóticas daquele lugar.

Olhe para traz e lembre os sabores deliciosos que na vida cultivou

sábado, 8 de agosto de 2009

Especial para o dia dos pais




A lua cheia banhava seus admiradores com o brilho da sua luz.

Olhares de esperança, saudade, paixões não assumidas, lembranças do passado.

Era o quilômetro 24,78 da rodovia mais movimentada do Estado.

O condutor da Kombi achava estar sozinho nessa viagem.

Um Estado recheado de casas, luzes e pessoas, ele ali sozinho observando a lua, conduzindo a Kombi, conversando com seu íntimo como se estivesse realmente só.

A lua testemunha de seu passado e o coração dos seus maus atos.

A viagem demorou o dobro e será lembrada sempre que seu íntimo for sincero.

Algumas estradas, cidades e pessoas foram esquecidas pelo condutor.

Somente a Kombi fora lembrada e levada na viagem.

domingo, 2 de agosto de 2009

Teria ela três pernas?


...


Quem via a cena de longe ficava na dúvida, teria ela três pernas?

A pequena era magra feito o cabo da enxada, olhar centrado, mente perdida entre matos e plantas ,o que poderia estar pensando aquela pequena cabeça, lembrando dos brinquedos deixados no canto do quarto, fazendo cálculos de quanto tempo levaria para terminar, talvez a lição que a professora passou na última aula, viagens feitas pelo Estadão.

Era um embaraço de informações na cabeça da pequena, sim... quando falei que poderia confundir por parecer três pernas , a terceira será a enxada que era escorada no chão a cada cinco carpinadas, os braços compridos e franzinos não suportavam por muito tempo o peso de uma enxada.


O dever do dia foi cumprido, saiu correndo entre plantações de caju, os braços abertos sentindo o vento tocar-lhe a face como gostava de fazer nas viagens olhando pelo retrovisor da Kombi onde por muitas vezes brincou com as próprias mãos ao vento.