A jovem chegava alegremente em sua casa, no portão caixas, móveis desmontados e diversos outros encostados na parede.
A Kombi estacionada de frente à casa do outro lado da rua.
Observando os dois lados da rua sem nada entender ou assimilar o que estaria acontecendo com sua residência.
Iriam mudar-se sem avisos. Quem teria tomado tal decisão? Algo tão sério. Uma notícia e atitude a ser discutida em família.
A cada passo uma mensagem diferente vinda de moradores da vizinhança
“Vamos sentir saudades” dizia a senhora da casa número cinco. “Os jogos da rua não serão mais os mesmos”, falou o jovem da casa de número oito.
Na casa ao lado morava uma colega muito próxima “daquelas que tudo fazem juntas”. Dizia essa muito magoada: Você é amiga mesmo! Vai mudar e nem avisou.
Várias palavras poderiam ser ditas para retribuir aquele carinho dos colegas e vizinhos, mas entrou sem nada dizer deixando calar por um sentimento de dor e angústia.
Olhou para sua mãe com olhos lacrimejando, sem nada pronunciar ouviu: carregue as coisas do corredor, não demore, ele quer viajar antes do anoitecer.
Tudo já estava encaixado dentro da Kombi, sobre os móveis e um colchão de casal, o cachorro já acomodado em um pequeno espaço que sobrara.
As amigas se abraçaram mudas ao som de lágrimas.
Nos bancos da frente o casal. Atrás os filhos, deitados sobre o colchão. Enquanto a Kombi se movia para seu novo destino dentro do grande Estadão, as pessoas se despediam com olhares, sem nada saber.